13 de mai. de 2008

PALAVRAS SOBRE UMA FESTA DO DIVINO

Moçambique no primeiro sábado da festa

Como se estivesse quase em outro plano, espiritual, dimensional? O moçambique se apresenta na praça, em frente a escadaria da igreja.
Como se tudo à volta fosse invisível, os percussionistas começam a esquentar seus instrumentos.
Ao redor há poucas pessoas. Dessas, várias tiram fotografias, agacham-se, quase deitam no chão afim de capitar um enquadramento mais anguloso, com a igreja ao fundo.
O violonista entra no rítmo com as notas sol e ré, compassadas com o toque do pandeiro, da pequena sanfona, do pequeno tambor e também do tambor maior. O som repetitivo vai entretendo meio como um mantra até. Os ouvidos mais atentos começam a identificar os instrumentos, timbres, rítmo, melodia. Olhos buscam os movimentos dos personagens do moçambique, todos vestidos de branco. E então os moçambiqueiros com fita cruzada sobre a camisa entram no som com sua dança percursiva, munidos de enormes guizos amarrados nos tornozelos e pernas, cada qual com seu pedaço pequeno de madeira na mão, lúdicas espadas que vão se colidindo e preenchendo o rítmo, a música - será que eles tem pilhas por dentro das pernas?

Na sua quase totalidade, senhores de idade, pessoas simples, humildes, compenetrados, e altivos na sua tradição e fé. Estão se apresentando para o Divino.
Uma senhora bem vestida, com toda pinta de turista me indaga:
- Você é daqui da cidade?
- Sim e não - respondo
Uma outra senhora pergunta mais adiante:
- O que é isso?
- É a congada - um sabichão prontamente responde, sem saber que é o moçambique.
É uma tarde fria e o vento balança as fitas vermelhas e brancas, amarradas da igreja para a praça, fazendo um efeito visual vivo e brilhante...






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