19 de jun. de 2008

FEMININO (Lucas D.)
MASCULINO (Lucas D.)

17 de jun. de 2008

14 de jun. de 2008

pássaros


ei pássaros, pequenos

de timbres possantes

além de te prenderem aí

ainda dizem que se agora te soltassem

vocês morreriam

por não saberem mais

viverem livres


mesmo com o mais intenso canto

todos os dias

eles ouvem e eté admiram

porém ignoram-te, pássaros

que o seu canto

é clamor por liberdade

9 de jun. de 2008

ENCONTRO PRÓ FEDERAÇÃO ANARQUISTA DE SÃO PAULO

1º ENCONTRO PRÓ FEDERAÇÃO ANARQUISTA DE SÃO PAULO.

*** NESCESSARIO INSCRIÇÃO COM ANTECEDENCIA***

1º ENCONTRO PRÓ - FEDERAÇÃO ANARQUISTA DE SÃO PAULO.
DATA: 26 e 27 de julho de 2008.
HORÁRIO: 9:00 HS AS 17:00 HS.
LOCAL: CLUBE ESCOLA JARDIM SÃO PAULO. RUA VIRI Nº 425, SALA AO LADO DA MUSCULAÇÃO DO CLUBE. METRO JARDIM SÃO PAULO. LINHA AZUL, ZONA NORTE.

PAUTA:
1º DIA 26 de JULHO. MANHÃ: - FARJ CONTRIBUINDO COM O DEBATE PRÓ - FASP. TARDE: - PORQUE INSERÇÃO SOCIAL ?
2º DIA 27 de JULHO. MANHÃ: - PROPOSTA DE ORGANICIDADE. TARDE: - UM NOVO ENCONTRO. - INSCRISSÕES: SE INSCREVER NO E-MAIL: NUCLEOSFASP@GMAIL.COM ATÉ DIA 20 DE JULHO DE 2008.
- ALOJAMENTO: PARA QUEM VEM DO INTERIOR OU DO LITORAL PAULISTA, NECESSITA SOLICITAR ALOJAMENTO ATÉ DIA 12 DE JULHO DE 2008 NO E-MAIL NUCLEOSFASP@GMAIL.COM. - OBSERVAÇÃO: OS GRUPOS E PESSOAS DO INTERIOR E LITORAL PAULISTA QUE ESTEJAM INTERESSADOS QUE ENCONTROS COMO ESTES SEJAM REALIZADOS TAMBÉM EM SUAS CIDADES, SERÁ DEBATIDA A POSSIBILIDADE NA PAUTA DO DIA 27 DE JULHO - EM UM NOVO ENCONTRO. ESTA ATIVIDADE ESTA SENDO ORGANIZADA PELO NÚCLEO PRÓ - FASP DA CAPITAL , APOIADA PELO CCS ANTONIO MARTINEZ - SP E PELA FARJ.

Companheir@s, Neste momento faz-se necessario a difusão da proposta de nucleos pro-fasp. É preciso que mais companheir@s de São Paulo participem dessa construção e pedimos para os editores de boletins, periódicos, sites, blogs, etc. que publiquem nota sobre a existência dessa discussão e dos endereços dos grupos/núcleos pró-fasp (encontram abaixo). Por enquanto só estamos recebendo contribuições (textos) virtualmente, mas assim que for necessário podemos editar uma circular impressa para (afim de) possibilitar a participação de companheir@s que não dispõem de internet.

MANIFESTO PRÓ - FEDERAÇÃO ANARQUISTA DE SÃO PAULO.
A proposta de discutir a possibilidade de construção da Federação Anarquista de São Paulo, surgiu a partir de uma analise da conjuntura dos movimentos sociais e dos grupos que se identificam como anarquistas. No Brasil o que temos até o momento são grupos de propaganda anarquista se articulando com grupos e indivíduos também anarquistas. O campo de atuação dos grupos anarquistas de São Paulo não difere da realidade nacional. Existe uma minoria ativa que são exceções no contesto nacional atual (pós ditadura militar), os quais estão retomando as atividades dos companheiros da primeira metade do século XX, com Participação Ativa nos Movimentos Sociais. ( MST, MTST, Movimento estudantil, Movimentos comunitários, Movimentos étnicos, Movimento sindical ). Partindo da iniciativa de militantes anarquistas agindo nos meios sociais ( por dentro ), muitas vezes isoladamente, sem uma estrutura orgânica dando apoio que surge a proposta de uma organização especifica ( anarquista ) federativa. Desde a "abertura brasileira" os anarquistas se mantiveram no resgate da memória do movimento e na propaganda. Tudo ligado a pesquisas e trabalhos acadêmicos. Chegada a hora de iniciarmos a retomada da pratica junto aos movimentos sociais, que até o momento está aparelhado pelas organizações partidárias. Pensamos que essa referencia histórica ( atrasos ) e discussão dessa referencia, não condiz com a realidade, hoje nos enquanto anarquistas já temos uma identidade local e não mais como uma idéia trazida pelos imigrantes europeus no fim do século XIX.

Temos nossas próprias referencias de luta por Libertação ( quilombos, revoltas indígenas, canudos ... ) e de resistência ( lutas indígenas na preservação de sua cultura e território, remanescentes de quilombos, favelas, movimentos de trabalhadores rurais sem terra, movimento de trabalhadores sem teto ). A proposta de criação da Federação Anarquista de São Paulo é estabelecer de forma organizada a atuação dos anarquistas nesses movimentos sociais.

Atenciosamente:
NÚCLEO PRÓ - FASP da Capital.
CAIXA POSTAL - 52552 CEP 08010-971
SÃO MIGUEL PAULISTA SÃO PAULO - SP
- BR Site: http://nucleos-fasp..blogspot.com/ E-mail: nucleosfasp@gmail.com
Grupos: http://www.grupos.com.br/group/pro-fasp
Comunidade no Orkut: www.orkut.com/Community.aspx?cmm=43004449
Esta comunidade pretende somar e reunir experiências e esforços coletivos, de anarquistas reunidos no Estado de São Paulo. Aprofundar o debate sobre Programa Político Anarquista, Princípios, Organicidade, e pratica de inserção social...

Israel Sassá.
Eduardo Preto.

CENTRO DE CULTURA SOCIAL ANTONIO MARTINEZ www.ccsam.blogspot.com
CAIXA POSTAL 52552 CEP 08010-971
SÃO MIGUEL PAULISTA SÃO PAULO - SP
- BR Email:: nucleosfasp@gmail.comURL:: http://nucleos-fasp.blogspot.com

4 de jun. de 2008


run run run out of control encharcado pela noite kiss the moon entorpecido, enlouquecido chamuscado pelo veneno milhas distantes corroendo nas veias eletricidade saltando aos olhos espectros, vozes hologramas à espreita em cada beco parece que vai chover mas sabe-se lá quando
quando este céu vermelho despencar
onde você vai estar ...
por Dan Tucci

1 de jun. de 2008

A LOIRA - Conto

A LOIRA

Estou sentado sobre o chão frio e úmido. Ao lado na parede a água da chuva escorre, invadindo a cela, formando uma grande poça que reflete a luz do corredor.
A dois dias não durmo. Desde que cheguei aqui não prego os olhos. E não deixo de pensar sequer um instante em um meio de sair dessa prisão. E não posso pensar de forma alguma que isso seja impossível!
Há ratos pelos cantos. Suo frio e tento não me ater aos acontecimentos do passado, para não enlouquecer, mas não consigo!

Dia 7 de setembro, fazia um belo dia de sol... Coloquei meus óculos escuros e saí para comprar cigarros com meu Galaxy branco. Uma brisa suave batia no rosto.
Era um dia de folga. Minha esposa e minha filha estavam em casa. Eu não tinha planos definidos ainda, só pensava em bater um rango logo mais e assistir a um bom filme no vídeo. Eu estava legal, me sentia bem e resolvi rodar um pouco mais com a caranga no começo de tarde.
Parei no farol da Cotoxó com a Cajaíba e puxei um cigarro do maço. Aumentei o volume do rádio que tocava “Street Fighting Man” dos Stones. Grande. Acendi o careta e o sinal ainda fechado. Alguém bateu no vidro da janela do passageiro. Era uma garota, loira. Bonita, de olhos grandes e de batom.
Eu abri a porta, pois ela parecia aflita, porém, imediatamente ela apontou uma máquina para minha cabeça, ordenando:
- Toca essa banheira, porra!


2
Certo, lá estava eu. Pisando fundo com meu velho Galaxy, o sol a pino, enquanto uma garota loira, de olhos grandes, bonita, de batom vermelho claro apontava uma arma na minha cabeça. Diga se não é um bom começo para uma tarde de folga...
Lembrei-me da minha mulher e minha filha enquanto fazia uma curva a milhão e senti um gosto amargo de perigo no estômago.
A loira (que ainda por cima era peituda), parecendo ler meus pensamentos, olhou a minha aliança no dedo e disse:
- É bom que essa banheira tenha bastante petróleo velhinho! Senão te estouro os miolos e vai haver uma viúva a mais nesse mundo!!!...
Mina forgada! Chamando minha caranga de “banheira! Ameaçando me meter um pipoco no crânio. E que porras haveria naquela pasta entre suas cochas?
Eu já estava injuriado e antes que eu soltasse um “qualé” ela falou:
- Pega a Dutra e vai em frente, não olhe para o lado, fique quieto e não reaja, se não quiser morrer – e ainda completou – não responda, só obedeça!


...E já estávamos na Dutra. Me perguntava o que aquela loira peituda queria. Do que será que fugia? E a pasta? E eu, estaria fodido e indo para onde? Se a arma disparasse eu iria para o saco. E se a polícia nos parasse? Eu pensava tudo isso quando ela me disse para meu espanto:
- Diminui a velocidade, e se nos pararem diga que sou sua namorada, esentendeu? E bico calado.
Próximo a Taubaté ela disse para pegar a Rodovia Oswaldo Cruz, que vai até Ubatuba, e eu não fazia idéia do meu destino. A gasosa estava acabando. Finalmente abri a boca:
- Precisa reabastecer .Não sei quem é você ou onde quer chegar, mas te levo. Só me deixa ligar para minha mulher dizendo que está tudo bem... E preciso tirar água do joelho também!..
- Agora não! – respondeu a penderra.
Já na rodovia Oswaldo Cruz ela me mandou parar em um posto de gasolina semi-falido de beira de estrada. “Ótimo”, pensei quando avistei ali um orelhão.
Ela disse: Ande um passo a minha frente sempre, e peça ao frentista para encher o tanque. Depois pode ir ao banheiro.

O frentista era um velho queimado pelo sol, com uma bita de fumo no canto da boca. Nada desconfiou do que ocorria. Somente perguntou:
- Vai pagá em dinheiro né Doutor?
Fui até o banheiro e ela atrás. Entrou comigo e fiquei instigado. Ela era gostosa. E cheirosa. E tinha a arma na sua mão. Mandou-me segurar numa barra de ferro, sacou da bolsa uma algema e me prendeu ali, no banheiro. “Pode ficar a vontade”, falou enquanto saia rindo.
Enquanto mijava, pensei, será que ela iria se mandar sozinha com meu carro? Perderia meu valioso Galaxy, mas estaria a salvo, se assim fosse. Logo alguém me encontraria ali algemado.
Mas os minutos se passavam e nada de barulho de carro, nada de vozes, só som de canto de pássaros.
Filha da mãe, essa garota! Me arrastando para essa situação. Mas não podia negar a mim mesmo como era bonita, a ladra. Talvez eu nunca mais a visse, e isso seria ótimo. Nessas horas minha esposa já devia estar muito preocupada com o meu sumiço.
Mas alguns minutos depois a loira estava de volta. Falou “vamos” e “fique quieto” e me tirou as algemas. Voltamos ao carro que estava agora com o tanque cheio e com o banco de trás lotado de tranqueiras comestíveis como salgadinhos, refrigerante, etc.
Enquanto dava partida no carro, reparei que a garota era nova. Talvez mal tivesse saído da adolescência. Como seria o nome dela? Lembrei e pedi novamente para ligar para minha esposa.
A loira disse:
- Você pode ligar, mas deste celular, e não agora – disse a loira mostrando um aparelho em sua bolsa.
- Como é seu nome? – perguntei.
- Não te interessa – respondeu.
Insisti numa conversa:
Você roubou todas essas comidas do velhinho no posto?
- Paguei.
- Quer que eu te leve para onde, não vou te denunciar, ok? Só me deixa ligar...
- Tá, mas sem gracinhas... Aliás, melhor eu ligar. Qual o nome da tua mulher?..
- Você ta doida? Vai falar o quê? O que ela vai pensar? Deixa que eu fale, não vou...
- Quer saber, que se foda! Não vai ligar pôrra nenhuma!
A loira se alterou e encostou a arma nos meus miolos. Ela não iria atirar, pensei, pois o carro estava muito rápido. Falei:
- Ta bom, esquece... – e pra descontrair um pouco – E se quiser pode me chamar pelo nome, Marcel.
- Calaboca!!! Só me obedeça e fique na sua. Não me irrite mais, senão acabo contigo. Não ia ser nada difícil para eu arrumar uma carona com algum caipira em uma caminhonete, há há.
E eu tocando em frente.

Alguns quilômetros a mais e o inesperado aconteceu, uma viatura saiu de trás de uma curva e fez sinal para parar. Comecei a suar frio, pois, e se ela se desesperasse?
Diminuí a velocidade e perguntei.
- O que tem na pasta?
- Uma bomba... – ela respondeu.
- Abre a porta luva, tem um fundo falso. Coloca lá o revolver e a pasta. – Eu disse.
- Ah! ... Aí você me entrega!!!
- Esconde logo porra!
Mas não houve tempo para mais nada. A viatura já estava encima, dando uma fechada no carro.
Dois policiais, um magro e um gordo nos abordaram, mandando sairmos do carro. O gordo olhava parta ela como se não transasse com uma bela garota a várias encarnações. O magro tinha cara de viado, e me pediu os documentos:
–Hum... Vocês não são daqui né... Por que tanta pressa, estão fugindo de alguma coisa?
- Não tinha notado que eu estava tão rápido, seu guarda (foi só o que me passou pela cabeça!)...
O gordo me revistou. Depois de não achar nada comigo, falou:
- Você está limpo. Mas por que está tão nervoso, hein? Acho que esse carro está lotado de droga...- Olhando pro parceiro.
A loira se manifestou:
Não precisa olhar o carro não... Porque vocês não vão tomar um café, ou uma cerveja...
Olhei na mão dela e era um bolo de notas de cem... Dava pra tomar milhares de cafés, sei lá quantas brejas...
Os tiras olharam aquilo e não acreditavam. O magro disse, meio sem voz:
- Isso é suborno, moça!
A tensão era tanta que eu já tinha até esquecido que era vítima de seqüestro.
O gordo balançou o corpo e meteu a mão na grana.
- Não sei que diabo tem nesse carro! mas agora sumam daqui e não me apareçam por essas bandas nunca mais. E se esse dinheiro for falso vocês estão realmente numa fria!!! Não iria ser difícil encontrar um Galaxy branco ou uma loira gostosa como essa!
- Olha o respeito! – disse a garota dando risada, enquanto batia a porta do carro.
Mal estávamos de volta à estrada e ela já estava novamente com o revólver na mão e a pasta entre as coxas.

3

Seguindo a rodovia Oswaldo Cruz já próximo a São Luiz do Paraitinga eu abri a boca de novo.
- Garota, não precisa me a apontar mais a arma. Você viu que nem te entreguei pros tiras... Ainda não viu que pode confiar em mim?
- Ah, falou, você não fez nada porque estava se borrando de medo, cagão.
Eu só pensava de onde ela tirara tanta grana”. E que ela ainda deveria ter mais. Muito mais. Será que ela o havia roubado, o que mais poderia ser?
O céu estava vermelho em tons mais claros e escuros, em contraste com o azul. A estrada cheia de curvas. Algumas nuvens já tingiam o fundo todo de negro. O motor roncava como grilos ensandecidos. E o carro ganhava a imensidão como um barco desliza fluído pelo rio.
Ela puxou um saco do banco de trás e sacou uma garrafa de vinho.
- E a sua mulher? – indagou-me a loira
- O que tem?!
- Ela é bonita?
- Linda. Ela é a gata perfeita.
- ..?
-PLOW!-
Nesse momento o pneu esquerdo dianteiro estourou. Parei para por o estepe. Já era noite cheia de mosquitos e sons de mato. E ás vezes avião cruzando o céu. Uma escuridão quase que total. E um céu um verdadeiro planetário.
Fumei ainda um cigarro a uns metros do carro, da garota. E bebi e joguei na cara água de uma bica bem ao lado da estrada.
Pensava que aquilo tinha ido longe demais. Ali me decidi. Iria dar um jeito de despachar essa loira, e me mandaria de volta para casa, vivo.
Caminhei confiante para o carro. Pensando bem não seria difícil enganar aquela pirralha peituda. Talvez eu estivesse sendo tolo de não escapar dessa antes.

Quando abri a porta do carro e me sentei, me deparei com a garota... Seminua, ao meu lado. Ela estava só de calcinha. Só a lua a iluminava. Ela era realmente linda, ainda mais agora.
Seus cabelos corriam pelos ombros em direção aos seios, perfeitos, redondos, pontudos. Sua cintura desenhada. Bati os olhos em suas coxas e ali não estava mais a pasta...
Ela moveu seus lábios delicadamente:
- Eliza.
- ? !
- Meu nome.
Então se inclinou levemente para minha direção e me abraçou. Senti seu perfume jovial e beijei-a atrás da orelha. Naquele momento, sentindo o calor do seu corpo, a amei intensamente. E o Galaxy branco chacoalhou reluzindo a lua entre os sons de grilos, aves & delírios.

4

Mais uma vez na estrada.
Eu me sentia um novo cara, mas não sabia ao certo que tipo de cara. Mas um cara com sono, isso era! Estava ali, quase apagando no volante e pensando em uma cama, até mesmo a de um hotel vagabundo.
- Eliza, pra onde você está me levando? – bocejei
- Pra lugar nenhum. Você que está me dando uma carona.
- Pra onde? – quase ronquei
- Não pense que agora pode ficar me fazendo perguntas. Não te dei essa liberdade.
- !
- Se continuar nessa velocidade, daqui a uma hora você já estará com o tanque cheio, voltando para sua casa e sua família.
- E o que você vai fazer depois?
- Isso você não pode compreender.
- Como assim? ! ?
- Não tem como assim. Acelera e siga minhas indicações!
Peguei uma reta e o carro flutuava. O ponteiro batia no talo.
- Bom garoto...
Puxei um cigarro do maço no painel e ela acendeu para mim. Já estávamos em Ubatuba há uns minutos. Mostrou-me uma entrada.
Pegamos uma rua de terra, descendo um morro. Sentia a brisa marinha do litoral.
À medida que o carro ganhava a terra uma neblina tomava conta dos ares. Passamos por umas cabanas de pau a pique, e chegamos ao fim da linha, um rio.
- Agora a gente desce aqui, e atravessa o rio. – disse a garota convicta.
- Nessa escuridão, com essa neblina?
- Você está com medo? – respondeu enquanto tirava os sapatos e puxava os cabelos para trás.
Ela entrou nas águas, eu logo em seguida. Ela nadava bem e a acompanhei. Logo atravessamos e chegamos à praia. Pisava descalço na areia e era bom. Apenas seguia a menina.
Chegamos até a ponta da praia onde havia umas pedras e as escalamos. Seguimos por uma trilha em meio ao breu do mato. De repente me dei conta da situação e senti medo. Senti um até arrepios. Meu corpo começou a formigar e a garota caminhava em absoluto silêncio.
Chegamos a uma clareira.
- É aqui Marcel.
- Aqui o quê?
Ela ergueu a vista em direção ao céu e a neblina já havia se dissipado. Haviam luzes no céu. Muitas. Não eram estrelas. Eram coloridas. Algumas rasgavam o céu em incrível velocidade e algumas se aproximavam da clareira.
A loira me olhou e disse seca:
- Fica aqui.
- Como assim?
E saiu andando em direção às arvores e às luzes que brilhavam sem iluminar, silenciosas.
Perdi Elisa de vista, e as luzes subiram até dispersarem e desaparecerem.
Após uns quinze minutos sem conseguir mover sequer um músculo, tentando assimilar as imagens e os acontecimentos, corri na direção onde a garota tinha ido. Procurei-a por entre as árvores, por tudo, e não encontrei o menor sinal dela ou do que havia acontecido.
Peguei o caminho de volta, re-atravessei o rio, e reencontrei o meu velho Galaxy branco, parceiro.
Dentro dele achei a pasta, que por horas ficara entre as coxas da garota. Ao abri-la, qual foi minha surpresa ao ver muita grana ali. Muito mais do que pensava. Pensei em me mandar de volta para casa o mais rápido possível.
Dei a partida na caranga, e do nada me vi cercado por caras com uniforme tipo militar sem insígnia do exército. Alguns deles falavam outra língua. Colocaram-me em uma viatura, e de lá me trouxeram para este prisão, que nem sei onde fica. Agora...
Preciso reencontrar a noção da realidade! Preciso parar de pensar no que aconteceu e dar um jeito de sair daqui! Eliza!




Por Dan Tucci

abstraX
por Dan Tucci