3 de dez. de 2008


"Quanto tempo tem sido disperdiçado durante o destino do homem na luta para decidir como será o próximo destino do homem! Quanto mais intenso o esforço para descobrir, tanto menos sabemos sobre o mundo presente em que vivemos. Aquele mundo encantador que conhecemos, em que vivemos, que nos deu tudo o que tinha, é aquele que segundo os pregadores e os prelados, deve estar menos em nossos pensamentos. O homem foi recomendado, ordenado, desde o dia em que nasceu, a dizer-lhe adeus. Oh, já chega que se abuse assim desta agradável terra! Não é uma triste verdade que ela seja nosso lar. Não nos desse ela mais do que um simples abrigo, vestuário, simples alimento, adicionan-se o lírio e a rosa, a maçã e a pêra, e seria um lar adequado para o homem mortal ou imortal."

SEAN O'CASEY, Sunset and evening star

27 de nov. de 2008


"Quase uma donzela, acercou-se trêmula -
Dos supremos êxtases do Canto e da LIra veio
e, brilhando claramente através de seus véus primaveris
aninhou-se em meu ouvido, onde fez seu leito,
e dormiu em mim. Tudo estava no seu sono:
as árvores que me encantavam, a fascinante atração
das distâncias mais remotas, os profundos prados,
e tôda magia que me inundava.
Dentro do seu sono, o mundo. Vós ó deus cantante,
como a haveis aperfeiçoado para que não desejasse
o despertar? Vêde! Eis que se ergue e dorme.
Onde está sua morte?"


Rainer Maria Rilke, Sonetos a Orfeu

25 de nov. de 2008

Patrícia Guimarães & Daniel Tucci
15 de novembro de 2008
Espaço da Cultura Caipira
São Luiz do Paraitinga - SP
Foto: Sergio Costa

17 de out. de 2008




O artista CORAÇÃOFARPADO em São Paulo...


30 de set. de 2008

QUE VENHA A MÍDIA TÁTICA!
Ricardo Rosas e Tatiana Wells
www.rizoma.net

Um espectro ronda a cultura - o espectro da mídia tática. Desafiante, brincalhona, iconoclasta e consciente, a mídia tática não tem papas na língua para por em questão os padrões do bom gosto, da apatia social, da prática artística ou da assepsia ideológica das novas mídias.
A partir dos anos 80 e com o advento de tecnologias baratas, uma nova forma de ativismo começa a surgir levada pela idéia de nomadismo e resistência. Esses movimentos visam oferecer uma outra maneira de pensar a função transgressiva da comunicação, muitas vezes através de um discurso estético. Essas características vêm tanto dos movimentos de contracultura dos anos 60 quanto da versão européia de estética revolucionaria vanguardista. As vanguardas mudaram o lugar da arte das galerias para as ruas reintegrando-a à práxis da vida, mas a experimentação cultural não pode ser privilégio de uma política ou movimento assim como a arte não precisa mais ser a expressão maior de uma superioridade moral.
Mídia Tática é um conceito que se firmou nos anos 90, fruto de práticas de ativistas de mídia e festivais de novas mídias na Europa e nos EUA. Seu fundamento básico é a produção "faça-você-mesmo", realizando um uso diferenciado das potencialidades de comunicação tornadas possíveis graças à crescente acessibilidade de materiais e equipamentos de mídia.
Desvinculada de interesses de mercado e de agendas ideológicas associadas aos grandes meios de comunicação, a mídia tática dá voz a todos aqueles excluídos desses meios: classes desfavorecidas, minorias (raciais, sexuais, etc.), comunidades alternativas, dissidentes políticos e artistas de rua, entre outros.
Mídia tática usa não somente os meios usuais, mas também os espaços públicos - não como mera maquiagem urbana, mas voltada a questões de interesse geral, e por isso sua natureza híbrida misturando cultura popular, cultura oposicionista e mesmo a cultura de massas. Daí também sua vasta abrangência, que vai da reutilização de mídias tradicionais como tv, rádio, vídeo, meio impresso e artes em geral, a web sites, produção de softwares e todo tipo de mídia eletrônica, incluindo igualmente, se for o caso, performance, djs e teatro de rua. Rua = esfera pública alternativa que permite uma maior interação entre obra e audiência. Mídia como entendimento de seu próprio potencial criativo, e a conscientização como um processo critico contra a hegemonia deformadora.
Isso não quer dizer que ela seja somente uma mídia alternativa, pois o conceito de mídia tática foi criado justamente para fugir destas dicotomias - amador vs profissional, alternativo vs. mainstream - baseado-se justamente na flexibilidade de suas extensões, de suas respostas, assim como no trabalho colaborativo e em sua mobilidade entre as diferentes mídias. O mais importante são as conexões temporárias que conseguem ser feitas através dela.
Mas qual o sentido de um "Laboratório de Mídia Tática" no Brasil?
Ocorre que muita gente tem produzido mídia tática por aqui, mesmo sem saber que o que fazem tenha um nome. Seja intervenção urbana, usos táticos da arte, da web, de rádios piratas, fanzines e por aí vai, o fato é que estamos assistindo a um verdadeiro boom de mídia indie no Brasil. Algo que não se poderia deixar passar despercebido. Além disso, urge uma inclusão digital que contemple, por exemplo, quem não possa bancar um micro. O conceito de mídia tática, então, pode ser adaptado à realidade brasileira ao propor alternativas, formas de mobilizações que propagam circuitos interdependentes. Essas buscas por autonomia falam sobretudo de educação, disseminação tecnológica inclusiva e relações centro-periferia.
Antropofagizamos práticas de mídia para, além de propor a coletividade e autonomia das relações produtivas, reconhecer igualmente a periferia - somos todos periféricos em relação ao Império - como realidade marginalizada e, antes de tudo, expressão primeira da lógica colonizada das culturas latino-americanas.
O estudo dessas praticas, através de um laboratório, demonstraria como utilizamos, consumimos e passamos adiante essas representações, pois já sabemos que as usamos muito mais criativamente do que supomos. Um laboratório, sendo um espaço de experimentação, de troca de informação e experiências, e um local em que químicas insuspeitadas acontecem. Um laboratório de mídia tática é um espaço em que todos nós somos artesãos de nossa mídia. Onde todos podem produzir, interferir, recombinar, informar a nossa realidade ordinária e assim voltar aos pequenos mitos cotidianos. Os praticantes de mídia tática são aqueles que não somente produzem suas histórias locais, seus dramas, alegrias e preocupações, como também as protagonizam.
Seja você a sua mídia, esse é o nosso lema!
E parafraseando o antropófago-mor,
"A nossa independência ainda não foi proclamada".
Contra a realidade social, vestida e opressora, catalogada de estatísticas e personagens de novela. Contra as guerras santas, os reality shows e os tráficos de sonhos disfarçados pela conivência dos jornais espetaculosos ante a anestesia e a cegueira de quem vê apenas o lado de cá das grades que se auto-impõem - a realidade sem complexos, sem loucura, sem prostituições e sem penitenciárias de um outro mundo possível.
1. Este texto foi o manifesto do festival Mídia Tática Brasil, realizado em março de 2003, na Casa das Rosas, em São Paulo.
Fonte: Mídia Tática (www.midiatatica.org).

10 de set. de 2008

"... a fruição do prazer está separada do trabalho, os meios do fim, o esforço da recompensa. Eternamente acorrentado a um único e diminuto fragmento do todo, o homem configura-se apenas como um fragmento; escutando sempre e apenas o monótono rodopiar da roda que ele faz girar, jamais desenvolve a harmonia do seu próprio ser e, em vez de dar forma à humanidade que existe em sua natureza, converte-se em simples marca de sua ocupação, de sua ciência."

Schiller, Cartas Sobre a Educação Estética
"Reduzir a imaginação à escravidão, mesmo que estivesse em jogo aquilo a que se chama grosseiramente felicidade, é privarmo-nos de tudo que encontramos, no nosso íntimo mais profundo de justiça suprema. Somente a imaginação nos diz o que pode ser."

André Breton, Les Manifestes du Surréalisme
"Tudo passa, tudo retorna, a roda da existência gira eternamente. Tudo morre; tudo torna a florescer; correm eternamente as estações da existência.
Tudo se destrói, tudo se reconstrói, eternemente se edifica a mesma casa da existência. Tudo se separa, tudo se saúda outra vez. O anel da existência conservou-se eternamente fiel a si mesmo.
A todo instante a existência principia; em torno de cada aqui, gira a esfera acolá. O centro está em toda parte.
Tortuosa é a senda da eternidade."


Nietzsche, Assim falou Zaratustra

Além Sois

somente nave vagando em ruínas carcomida pelos confins do espaço sideral

[ou seria ruína de estação espacial?]

uma carcaça-humana em um planeta de barro
buracos nas montanhas, casas nas cavernas
asas brotam da carcaça carcomida
fezes e formigas são atiradas pelos megafones
girafas de duas pernas de terno e cigarrilha
apontam no céu vinho, refletindo os sóis
outrora carcaça irrompendo além


por D. Tucci
como onda que vem e encharca
aquele sabor selvagem do mar
cristalizado na serra

transcendemos, graciosa personagem
posso notar em ti rebeldia arisca quase caribenha
escorrendo em sua pele branquinha
portos, águas
fogo intenso e muito calor
transborda
em olhares curtos e gulosos
afiados e aquele carisma
pirata [e cigano (?)]

beija de língua o mar e ataca
encina palavrões para sua maritaca
[tudo é possível pois estamos no espaço-tempo parahytinga
onde todos os lugares são possíveis]


por Dan Tucci

Odeio-te

Odeio carros e o barulho de seus motores, sua fumaça e os combustíveis que consomem, o espaço físico que tomam nas cidades, as mortes e acidentes causadas por eles e seus motoristas. Odeio gente que se acha mais do que outras pessoas por que possui carro e odeio mais ainda pessoas que valorizam alguém por possuir carro.
Odeio asfalto, faróis de veículos batendo na vista, faróis de trânsito, placas de trânsito, guardas de trânsito.
Odeio fábricas, montadoras e lojas de carros. Odeio que quem compra carro. Odeio quem vende. Odeio pneus e seus cemitérios. Odeio "marias-gasolina" e "co-pilotos".
Odeio oficinas mecânicas, funilarias, borracharias, auto-elétricas, auto-peças...
Odeio ruas, avenidas, cebolões, viadutos, pontes e a forma como a estrutura e a paisagem das cidades são defenestradas em função dos carros.
Odeio buzinas, som alto em carro de playboy otário e aqueles carros que passam com caixa de som encima fazendo propaganda.
Odeio ver carros. Odeio propaganda de carros. Odeio competições de som em carros, rachas, ralies, grande-prêmios e etc.
FODA-SE SEU CARRO! Vou explodi-lo.

Flashback Urbanóide

cabuladas e fliperamas
asfalto molhado de chuva à noite
tantos anéis nos dedos que mal consigo pôr as mãos nos bolsos
fones nos ouvidos e ônibus lotados
calça rasgada no joelho
trem desliza pelo avesso da cidade
rolês pelo centro
rebeldias incontidas & fugas para o mato &
histórias em quadrinhos
duas salsichas verdes no dog do centrão
50 cents no único bolso não furado

por Dan T.

25 de ago. de 2008

anárquica...mente

eu não quero ser igual
a vocês
imensa maioria
sequer buscam algo
suas vidas são meros decalques
da mídia consumista-capitalista
precisam da T.V. para se identificar
estou em outro plano

não tente controlar minha mente
anárquica...
ela é conscientemente independente
você acaba levando uma rasteira na idéia
por estar de fato muito convencido
de suas pseudo-verdades
da sua diluível e controversa moral de ocasião

eu sou Deus
enquanto vocês temem a Deus
desconhecem/ ignoram
suas responsabilidades divinas
como seres criadores
(inúteis adoradores)

as suas destruições visam o fim
mas o fim não é viável ao infinito
só porque seus corpos acabam por apodrecerem, frios
querem apagar tudo o que
transmita vida incandescente inesgotável
desconhecem a alquimia

não tentem adivinhar qual será meu momento seguinte
meus pensamentos ocorrem
em um rítmo, tempo, intensidade
e melodias absolutamente incompreensíves
pela mediocridade funcional das
suas cabeças programadas
(condicionadas)

não tenho furos de dentes de vampiro no meu pescoço
quanto a vocês é só esticar o canudinho
estão constantementes sugando uns aos outros
cãezinhos adestrados do sistema
são fodidos e querem foder

eu sou a resistência (!)
estou só, mas não sou o único


por D.T.

14 de ago. de 2008

você aí
pisando na cabeça do mais fraco
até sangrar
quando a lâmina do inimigo
varar tuas tripas
e você engasgar e soluçar
não haverá mais tempo
nem passado nem futuro
claro ou escuro
beco ou muro
rico ou duro










por D.T.

Um novo salto

trovões longos e soberanos
o céu se acende segundos antes

como quando criança desejo o blecaute

um novo salto


cachorros se abrigam sob marquise estreita
homem mira buraco do canto esquerdo
na mesa de sinuca e quase acerta
o meio
frango assado em pedaços na vitrine do balcão
não há música aparente

chove toprrencialmente
porém não faz tanto frio como supunha
neste começo de agosto, a água cai
com a brisa que remete
ao litoral, aqui de cima da serra
as ruas silenciam
pessoas entocadas nas casas, butecos
carros atravessam com seus motores barulhentos

quantas gotas de chuva já te atingiram
quantas vezes se deixou enxarcar



por D.T.
mergulhar
em água bem gelada de cachoeira
há um pote de outo bem no fundo
também na caverna, você sabe
já esteve em todos esses lugares
defendeu a vida com um pedaço de pedra pontuda
caminhou centenas de quilometros
avistou cidades que desapareciam sob a névoa
atravessou o mar em barco a vela

aplicar uma dose maciça de cannabys na veia
e flutuar
em um céu azul, tão azul
como um iceberg




por D.T.

NOS GROTÕES DA IMENSIDÃO

Quase na total escuridão.
Não há postes de iluminação públicos, talvez duas ou três janelas acesas na rua e todo céu infinito. Apenas ouvem-se vozes sobrepondo-se nas casas, latidos de cães ao fundo. Aparentemente sem som de TVs, mas distante um barulho estridente e contínuo, uma massa sonora que meu bom-senso percebe que não se trata de uma carnificina e sim algum toca-discos em volume altíssimo, ao longe, violentando a natureza sonora ambiental.
Não há lua nesta noite, o céu é todo das estrelas . Elas e todas a s formas de luzes piscando e varando o breu. Aqui mais embaixo, de vagalumes.
Estou sentado neste banco de madeira na rua de terra, a algum tempo. horas, dias, meses, anos...
Gansos começam a grasnar na casa um pouco ao lado, violentamente.
Em seguida um número infinito de pintinhos começam a piar incessantemente e há também patos, galinhas , passarinhos e todos parecem querer participar desses evento sonoro, é uma sinfonia anárquica.
[Tem luzes de todos os tipos atravessando o céu]
Tudo se aquieta até que os cães novamente se põem a experimentar romper o silêncio.
[Sou só ouvidos]
Na casa em frente, atras de um portão de ferro um cão enorme late na minha direção. A parca luz da casa do outro lado da rua projeta uma gigantesca sombra do cachorro, definindo suas orelhas e formas de lobo/pastor.
Quase ou mesmo totalmente imerso no ambiente envio uma mensagem telepática para o cão, que se aquieta, atento aos sons da vizinhança.
[De dia haviam helicópteros, voando baixo]
[Começa a ficar frio, ergo a gola da jaqueta, mas não me incomoda]
Enquanto o astro rei dava sua graça estive até o fim da trilha, e certamente havia mais além.





Por D.T.

30 de jul. de 2008

"O homem está firmemente convencido de que vela, mas na realidade é apanhado numa rede de sono e de sonho que ele próprio teceu. Quanto mais apertada é essa rede, mais poderosamente reina o sono. Aqueles que estão presos em suas malhas são os adormecidos que caminham através da vida como rebanho de animais levados para o matadouro, indiferentes e sem pensamentos.
Os sonhadores vêem através das malhas um mundo quadriculado, só distinguem aberturas enganadoras, agem de acordo com essa perspectiva e não sabem que esses quadros são apenas os fragmentos insensatos de um todo enorme. Esses sonhadores não são, como talvez o suponham, os lunáticos e os poetas: são os trabalhadores, os sem-repouso do mundo, os possessos da loucura de agir. Assemelham-se a caravelhos feios e laboriosos que se arrastam ao longo de um cano liso para nele mergulharem ao chegar lá em cima. Dizem que velam, mas aquilo que julgam uma vida não é senão um sonho, determinado antecipadamente nos mínimos pormenores e subtraído à influência de sua vontade."

(Excerto do romance Le visage vert, de Gustav Meyrinck. Ed. Émile-Paul Fréres, Paris, 1932)

15 de jul. de 2008

o universo é anárquico

19 de jun. de 2008

FEMININO (Lucas D.)
MASCULINO (Lucas D.)

17 de jun. de 2008

14 de jun. de 2008

pássaros


ei pássaros, pequenos

de timbres possantes

além de te prenderem aí

ainda dizem que se agora te soltassem

vocês morreriam

por não saberem mais

viverem livres


mesmo com o mais intenso canto

todos os dias

eles ouvem e eté admiram

porém ignoram-te, pássaros

que o seu canto

é clamor por liberdade

9 de jun. de 2008

ENCONTRO PRÓ FEDERAÇÃO ANARQUISTA DE SÃO PAULO

1º ENCONTRO PRÓ FEDERAÇÃO ANARQUISTA DE SÃO PAULO.

*** NESCESSARIO INSCRIÇÃO COM ANTECEDENCIA***

1º ENCONTRO PRÓ - FEDERAÇÃO ANARQUISTA DE SÃO PAULO.
DATA: 26 e 27 de julho de 2008.
HORÁRIO: 9:00 HS AS 17:00 HS.
LOCAL: CLUBE ESCOLA JARDIM SÃO PAULO. RUA VIRI Nº 425, SALA AO LADO DA MUSCULAÇÃO DO CLUBE. METRO JARDIM SÃO PAULO. LINHA AZUL, ZONA NORTE.

PAUTA:
1º DIA 26 de JULHO. MANHÃ: - FARJ CONTRIBUINDO COM O DEBATE PRÓ - FASP. TARDE: - PORQUE INSERÇÃO SOCIAL ?
2º DIA 27 de JULHO. MANHÃ: - PROPOSTA DE ORGANICIDADE. TARDE: - UM NOVO ENCONTRO. - INSCRISSÕES: SE INSCREVER NO E-MAIL: NUCLEOSFASP@GMAIL.COM ATÉ DIA 20 DE JULHO DE 2008.
- ALOJAMENTO: PARA QUEM VEM DO INTERIOR OU DO LITORAL PAULISTA, NECESSITA SOLICITAR ALOJAMENTO ATÉ DIA 12 DE JULHO DE 2008 NO E-MAIL NUCLEOSFASP@GMAIL.COM. - OBSERVAÇÃO: OS GRUPOS E PESSOAS DO INTERIOR E LITORAL PAULISTA QUE ESTEJAM INTERESSADOS QUE ENCONTROS COMO ESTES SEJAM REALIZADOS TAMBÉM EM SUAS CIDADES, SERÁ DEBATIDA A POSSIBILIDADE NA PAUTA DO DIA 27 DE JULHO - EM UM NOVO ENCONTRO. ESTA ATIVIDADE ESTA SENDO ORGANIZADA PELO NÚCLEO PRÓ - FASP DA CAPITAL , APOIADA PELO CCS ANTONIO MARTINEZ - SP E PELA FARJ.

Companheir@s, Neste momento faz-se necessario a difusão da proposta de nucleos pro-fasp. É preciso que mais companheir@s de São Paulo participem dessa construção e pedimos para os editores de boletins, periódicos, sites, blogs, etc. que publiquem nota sobre a existência dessa discussão e dos endereços dos grupos/núcleos pró-fasp (encontram abaixo). Por enquanto só estamos recebendo contribuições (textos) virtualmente, mas assim que for necessário podemos editar uma circular impressa para (afim de) possibilitar a participação de companheir@s que não dispõem de internet.

MANIFESTO PRÓ - FEDERAÇÃO ANARQUISTA DE SÃO PAULO.
A proposta de discutir a possibilidade de construção da Federação Anarquista de São Paulo, surgiu a partir de uma analise da conjuntura dos movimentos sociais e dos grupos que se identificam como anarquistas. No Brasil o que temos até o momento são grupos de propaganda anarquista se articulando com grupos e indivíduos também anarquistas. O campo de atuação dos grupos anarquistas de São Paulo não difere da realidade nacional. Existe uma minoria ativa que são exceções no contesto nacional atual (pós ditadura militar), os quais estão retomando as atividades dos companheiros da primeira metade do século XX, com Participação Ativa nos Movimentos Sociais. ( MST, MTST, Movimento estudantil, Movimentos comunitários, Movimentos étnicos, Movimento sindical ). Partindo da iniciativa de militantes anarquistas agindo nos meios sociais ( por dentro ), muitas vezes isoladamente, sem uma estrutura orgânica dando apoio que surge a proposta de uma organização especifica ( anarquista ) federativa. Desde a "abertura brasileira" os anarquistas se mantiveram no resgate da memória do movimento e na propaganda. Tudo ligado a pesquisas e trabalhos acadêmicos. Chegada a hora de iniciarmos a retomada da pratica junto aos movimentos sociais, que até o momento está aparelhado pelas organizações partidárias. Pensamos que essa referencia histórica ( atrasos ) e discussão dessa referencia, não condiz com a realidade, hoje nos enquanto anarquistas já temos uma identidade local e não mais como uma idéia trazida pelos imigrantes europeus no fim do século XIX.

Temos nossas próprias referencias de luta por Libertação ( quilombos, revoltas indígenas, canudos ... ) e de resistência ( lutas indígenas na preservação de sua cultura e território, remanescentes de quilombos, favelas, movimentos de trabalhadores rurais sem terra, movimento de trabalhadores sem teto ). A proposta de criação da Federação Anarquista de São Paulo é estabelecer de forma organizada a atuação dos anarquistas nesses movimentos sociais.

Atenciosamente:
NÚCLEO PRÓ - FASP da Capital.
CAIXA POSTAL - 52552 CEP 08010-971
SÃO MIGUEL PAULISTA SÃO PAULO - SP
- BR Site: http://nucleos-fasp..blogspot.com/ E-mail: nucleosfasp@gmail.com
Grupos: http://www.grupos.com.br/group/pro-fasp
Comunidade no Orkut: www.orkut.com/Community.aspx?cmm=43004449
Esta comunidade pretende somar e reunir experiências e esforços coletivos, de anarquistas reunidos no Estado de São Paulo. Aprofundar o debate sobre Programa Político Anarquista, Princípios, Organicidade, e pratica de inserção social...

Israel Sassá.
Eduardo Preto.

CENTRO DE CULTURA SOCIAL ANTONIO MARTINEZ www.ccsam.blogspot.com
CAIXA POSTAL 52552 CEP 08010-971
SÃO MIGUEL PAULISTA SÃO PAULO - SP
- BR Email:: nucleosfasp@gmail.comURL:: http://nucleos-fasp.blogspot.com

4 de jun. de 2008


run run run out of control encharcado pela noite kiss the moon entorpecido, enlouquecido chamuscado pelo veneno milhas distantes corroendo nas veias eletricidade saltando aos olhos espectros, vozes hologramas à espreita em cada beco parece que vai chover mas sabe-se lá quando
quando este céu vermelho despencar
onde você vai estar ...
por Dan Tucci

1 de jun. de 2008

A LOIRA - Conto

A LOIRA

Estou sentado sobre o chão frio e úmido. Ao lado na parede a água da chuva escorre, invadindo a cela, formando uma grande poça que reflete a luz do corredor.
A dois dias não durmo. Desde que cheguei aqui não prego os olhos. E não deixo de pensar sequer um instante em um meio de sair dessa prisão. E não posso pensar de forma alguma que isso seja impossível!
Há ratos pelos cantos. Suo frio e tento não me ater aos acontecimentos do passado, para não enlouquecer, mas não consigo!

Dia 7 de setembro, fazia um belo dia de sol... Coloquei meus óculos escuros e saí para comprar cigarros com meu Galaxy branco. Uma brisa suave batia no rosto.
Era um dia de folga. Minha esposa e minha filha estavam em casa. Eu não tinha planos definidos ainda, só pensava em bater um rango logo mais e assistir a um bom filme no vídeo. Eu estava legal, me sentia bem e resolvi rodar um pouco mais com a caranga no começo de tarde.
Parei no farol da Cotoxó com a Cajaíba e puxei um cigarro do maço. Aumentei o volume do rádio que tocava “Street Fighting Man” dos Stones. Grande. Acendi o careta e o sinal ainda fechado. Alguém bateu no vidro da janela do passageiro. Era uma garota, loira. Bonita, de olhos grandes e de batom.
Eu abri a porta, pois ela parecia aflita, porém, imediatamente ela apontou uma máquina para minha cabeça, ordenando:
- Toca essa banheira, porra!


2
Certo, lá estava eu. Pisando fundo com meu velho Galaxy, o sol a pino, enquanto uma garota loira, de olhos grandes, bonita, de batom vermelho claro apontava uma arma na minha cabeça. Diga se não é um bom começo para uma tarde de folga...
Lembrei-me da minha mulher e minha filha enquanto fazia uma curva a milhão e senti um gosto amargo de perigo no estômago.
A loira (que ainda por cima era peituda), parecendo ler meus pensamentos, olhou a minha aliança no dedo e disse:
- É bom que essa banheira tenha bastante petróleo velhinho! Senão te estouro os miolos e vai haver uma viúva a mais nesse mundo!!!...
Mina forgada! Chamando minha caranga de “banheira! Ameaçando me meter um pipoco no crânio. E que porras haveria naquela pasta entre suas cochas?
Eu já estava injuriado e antes que eu soltasse um “qualé” ela falou:
- Pega a Dutra e vai em frente, não olhe para o lado, fique quieto e não reaja, se não quiser morrer – e ainda completou – não responda, só obedeça!


...E já estávamos na Dutra. Me perguntava o que aquela loira peituda queria. Do que será que fugia? E a pasta? E eu, estaria fodido e indo para onde? Se a arma disparasse eu iria para o saco. E se a polícia nos parasse? Eu pensava tudo isso quando ela me disse para meu espanto:
- Diminui a velocidade, e se nos pararem diga que sou sua namorada, esentendeu? E bico calado.
Próximo a Taubaté ela disse para pegar a Rodovia Oswaldo Cruz, que vai até Ubatuba, e eu não fazia idéia do meu destino. A gasosa estava acabando. Finalmente abri a boca:
- Precisa reabastecer .Não sei quem é você ou onde quer chegar, mas te levo. Só me deixa ligar para minha mulher dizendo que está tudo bem... E preciso tirar água do joelho também!..
- Agora não! – respondeu a penderra.
Já na rodovia Oswaldo Cruz ela me mandou parar em um posto de gasolina semi-falido de beira de estrada. “Ótimo”, pensei quando avistei ali um orelhão.
Ela disse: Ande um passo a minha frente sempre, e peça ao frentista para encher o tanque. Depois pode ir ao banheiro.

O frentista era um velho queimado pelo sol, com uma bita de fumo no canto da boca. Nada desconfiou do que ocorria. Somente perguntou:
- Vai pagá em dinheiro né Doutor?
Fui até o banheiro e ela atrás. Entrou comigo e fiquei instigado. Ela era gostosa. E cheirosa. E tinha a arma na sua mão. Mandou-me segurar numa barra de ferro, sacou da bolsa uma algema e me prendeu ali, no banheiro. “Pode ficar a vontade”, falou enquanto saia rindo.
Enquanto mijava, pensei, será que ela iria se mandar sozinha com meu carro? Perderia meu valioso Galaxy, mas estaria a salvo, se assim fosse. Logo alguém me encontraria ali algemado.
Mas os minutos se passavam e nada de barulho de carro, nada de vozes, só som de canto de pássaros.
Filha da mãe, essa garota! Me arrastando para essa situação. Mas não podia negar a mim mesmo como era bonita, a ladra. Talvez eu nunca mais a visse, e isso seria ótimo. Nessas horas minha esposa já devia estar muito preocupada com o meu sumiço.
Mas alguns minutos depois a loira estava de volta. Falou “vamos” e “fique quieto” e me tirou as algemas. Voltamos ao carro que estava agora com o tanque cheio e com o banco de trás lotado de tranqueiras comestíveis como salgadinhos, refrigerante, etc.
Enquanto dava partida no carro, reparei que a garota era nova. Talvez mal tivesse saído da adolescência. Como seria o nome dela? Lembrei e pedi novamente para ligar para minha esposa.
A loira disse:
- Você pode ligar, mas deste celular, e não agora – disse a loira mostrando um aparelho em sua bolsa.
- Como é seu nome? – perguntei.
- Não te interessa – respondeu.
Insisti numa conversa:
Você roubou todas essas comidas do velhinho no posto?
- Paguei.
- Quer que eu te leve para onde, não vou te denunciar, ok? Só me deixa ligar...
- Tá, mas sem gracinhas... Aliás, melhor eu ligar. Qual o nome da tua mulher?..
- Você ta doida? Vai falar o quê? O que ela vai pensar? Deixa que eu fale, não vou...
- Quer saber, que se foda! Não vai ligar pôrra nenhuma!
A loira se alterou e encostou a arma nos meus miolos. Ela não iria atirar, pensei, pois o carro estava muito rápido. Falei:
- Ta bom, esquece... – e pra descontrair um pouco – E se quiser pode me chamar pelo nome, Marcel.
- Calaboca!!! Só me obedeça e fique na sua. Não me irrite mais, senão acabo contigo. Não ia ser nada difícil para eu arrumar uma carona com algum caipira em uma caminhonete, há há.
E eu tocando em frente.

Alguns quilômetros a mais e o inesperado aconteceu, uma viatura saiu de trás de uma curva e fez sinal para parar. Comecei a suar frio, pois, e se ela se desesperasse?
Diminuí a velocidade e perguntei.
- O que tem na pasta?
- Uma bomba... – ela respondeu.
- Abre a porta luva, tem um fundo falso. Coloca lá o revolver e a pasta. – Eu disse.
- Ah! ... Aí você me entrega!!!
- Esconde logo porra!
Mas não houve tempo para mais nada. A viatura já estava encima, dando uma fechada no carro.
Dois policiais, um magro e um gordo nos abordaram, mandando sairmos do carro. O gordo olhava parta ela como se não transasse com uma bela garota a várias encarnações. O magro tinha cara de viado, e me pediu os documentos:
–Hum... Vocês não são daqui né... Por que tanta pressa, estão fugindo de alguma coisa?
- Não tinha notado que eu estava tão rápido, seu guarda (foi só o que me passou pela cabeça!)...
O gordo me revistou. Depois de não achar nada comigo, falou:
- Você está limpo. Mas por que está tão nervoso, hein? Acho que esse carro está lotado de droga...- Olhando pro parceiro.
A loira se manifestou:
Não precisa olhar o carro não... Porque vocês não vão tomar um café, ou uma cerveja...
Olhei na mão dela e era um bolo de notas de cem... Dava pra tomar milhares de cafés, sei lá quantas brejas...
Os tiras olharam aquilo e não acreditavam. O magro disse, meio sem voz:
- Isso é suborno, moça!
A tensão era tanta que eu já tinha até esquecido que era vítima de seqüestro.
O gordo balançou o corpo e meteu a mão na grana.
- Não sei que diabo tem nesse carro! mas agora sumam daqui e não me apareçam por essas bandas nunca mais. E se esse dinheiro for falso vocês estão realmente numa fria!!! Não iria ser difícil encontrar um Galaxy branco ou uma loira gostosa como essa!
- Olha o respeito! – disse a garota dando risada, enquanto batia a porta do carro.
Mal estávamos de volta à estrada e ela já estava novamente com o revólver na mão e a pasta entre as coxas.

3

Seguindo a rodovia Oswaldo Cruz já próximo a São Luiz do Paraitinga eu abri a boca de novo.
- Garota, não precisa me a apontar mais a arma. Você viu que nem te entreguei pros tiras... Ainda não viu que pode confiar em mim?
- Ah, falou, você não fez nada porque estava se borrando de medo, cagão.
Eu só pensava de onde ela tirara tanta grana”. E que ela ainda deveria ter mais. Muito mais. Será que ela o havia roubado, o que mais poderia ser?
O céu estava vermelho em tons mais claros e escuros, em contraste com o azul. A estrada cheia de curvas. Algumas nuvens já tingiam o fundo todo de negro. O motor roncava como grilos ensandecidos. E o carro ganhava a imensidão como um barco desliza fluído pelo rio.
Ela puxou um saco do banco de trás e sacou uma garrafa de vinho.
- E a sua mulher? – indagou-me a loira
- O que tem?!
- Ela é bonita?
- Linda. Ela é a gata perfeita.
- ..?
-PLOW!-
Nesse momento o pneu esquerdo dianteiro estourou. Parei para por o estepe. Já era noite cheia de mosquitos e sons de mato. E ás vezes avião cruzando o céu. Uma escuridão quase que total. E um céu um verdadeiro planetário.
Fumei ainda um cigarro a uns metros do carro, da garota. E bebi e joguei na cara água de uma bica bem ao lado da estrada.
Pensava que aquilo tinha ido longe demais. Ali me decidi. Iria dar um jeito de despachar essa loira, e me mandaria de volta para casa, vivo.
Caminhei confiante para o carro. Pensando bem não seria difícil enganar aquela pirralha peituda. Talvez eu estivesse sendo tolo de não escapar dessa antes.

Quando abri a porta do carro e me sentei, me deparei com a garota... Seminua, ao meu lado. Ela estava só de calcinha. Só a lua a iluminava. Ela era realmente linda, ainda mais agora.
Seus cabelos corriam pelos ombros em direção aos seios, perfeitos, redondos, pontudos. Sua cintura desenhada. Bati os olhos em suas coxas e ali não estava mais a pasta...
Ela moveu seus lábios delicadamente:
- Eliza.
- ? !
- Meu nome.
Então se inclinou levemente para minha direção e me abraçou. Senti seu perfume jovial e beijei-a atrás da orelha. Naquele momento, sentindo o calor do seu corpo, a amei intensamente. E o Galaxy branco chacoalhou reluzindo a lua entre os sons de grilos, aves & delírios.

4

Mais uma vez na estrada.
Eu me sentia um novo cara, mas não sabia ao certo que tipo de cara. Mas um cara com sono, isso era! Estava ali, quase apagando no volante e pensando em uma cama, até mesmo a de um hotel vagabundo.
- Eliza, pra onde você está me levando? – bocejei
- Pra lugar nenhum. Você que está me dando uma carona.
- Pra onde? – quase ronquei
- Não pense que agora pode ficar me fazendo perguntas. Não te dei essa liberdade.
- !
- Se continuar nessa velocidade, daqui a uma hora você já estará com o tanque cheio, voltando para sua casa e sua família.
- E o que você vai fazer depois?
- Isso você não pode compreender.
- Como assim? ! ?
- Não tem como assim. Acelera e siga minhas indicações!
Peguei uma reta e o carro flutuava. O ponteiro batia no talo.
- Bom garoto...
Puxei um cigarro do maço no painel e ela acendeu para mim. Já estávamos em Ubatuba há uns minutos. Mostrou-me uma entrada.
Pegamos uma rua de terra, descendo um morro. Sentia a brisa marinha do litoral.
À medida que o carro ganhava a terra uma neblina tomava conta dos ares. Passamos por umas cabanas de pau a pique, e chegamos ao fim da linha, um rio.
- Agora a gente desce aqui, e atravessa o rio. – disse a garota convicta.
- Nessa escuridão, com essa neblina?
- Você está com medo? – respondeu enquanto tirava os sapatos e puxava os cabelos para trás.
Ela entrou nas águas, eu logo em seguida. Ela nadava bem e a acompanhei. Logo atravessamos e chegamos à praia. Pisava descalço na areia e era bom. Apenas seguia a menina.
Chegamos até a ponta da praia onde havia umas pedras e as escalamos. Seguimos por uma trilha em meio ao breu do mato. De repente me dei conta da situação e senti medo. Senti um até arrepios. Meu corpo começou a formigar e a garota caminhava em absoluto silêncio.
Chegamos a uma clareira.
- É aqui Marcel.
- Aqui o quê?
Ela ergueu a vista em direção ao céu e a neblina já havia se dissipado. Haviam luzes no céu. Muitas. Não eram estrelas. Eram coloridas. Algumas rasgavam o céu em incrível velocidade e algumas se aproximavam da clareira.
A loira me olhou e disse seca:
- Fica aqui.
- Como assim?
E saiu andando em direção às arvores e às luzes que brilhavam sem iluminar, silenciosas.
Perdi Elisa de vista, e as luzes subiram até dispersarem e desaparecerem.
Após uns quinze minutos sem conseguir mover sequer um músculo, tentando assimilar as imagens e os acontecimentos, corri na direção onde a garota tinha ido. Procurei-a por entre as árvores, por tudo, e não encontrei o menor sinal dela ou do que havia acontecido.
Peguei o caminho de volta, re-atravessei o rio, e reencontrei o meu velho Galaxy branco, parceiro.
Dentro dele achei a pasta, que por horas ficara entre as coxas da garota. Ao abri-la, qual foi minha surpresa ao ver muita grana ali. Muito mais do que pensava. Pensei em me mandar de volta para casa o mais rápido possível.
Dei a partida na caranga, e do nada me vi cercado por caras com uniforme tipo militar sem insígnia do exército. Alguns deles falavam outra língua. Colocaram-me em uma viatura, e de lá me trouxeram para este prisão, que nem sei onde fica. Agora...
Preciso reencontrar a noção da realidade! Preciso parar de pensar no que aconteceu e dar um jeito de sair daqui! Eliza!




Por Dan Tucci

abstraX
por Dan Tucci

18 de mai. de 2008

ilustração por Dan Tucci

Não!

Em todos os lugares há pessoas abandonadas à televisão com uma naturalidadade amedrontante.
Suas vidas estão nas mãos das grandes corporações e produtores de programas televisivos, bombardeados por tendências, informações manejadas, induções ao consumo, é a exclusão quase que total da idéia de propagar a inteligência a seus interlocutores

13 de mai. de 2008

PALAVRAS SOBRE UMA FESTA DO DIVINO II

Na fila do afogado, no primeiro sábado da festa.

No primeiro sábado da festa, o afogado foi servido à noite, no recinto de exposições.

Atravesso a passarela sobre o rio Parahytinga e já avisto a fila. São 19:45, acho.
Vou seguindo até chegar no recinto, há umas trezentas pessoas na fila. Já é possível sentir o aroma do afogado no ar, mas ainda não começaram a servir.
Volto novamente ao fim da fila, afinal não pretendo furá-la. Sim, o afogado é mítico. Porém é aconselhável que você leve um bom livro, ou cruzadinhas, linhas e agulha de crochê, mini-game(?), ou que vá acompanhado de amigos para tagarelar afim do tempo passar. E até mesmo um baralho, para uma cacheta, ou truco! No meu caso, sozinho, um pouco menos de meia garrafa de fogo paulista, e já devidamente sob a brisa do barrufus.
Alí, naquele trecho de fila, nesse começo de festa do Divino, quae todas as pessoas são da cidade, famílias, cada qual com um pote do tamanho da sua gula. Em outras edições, alguns populares utilizaram seu próprio chapeu para colocar o afogado, e acredite, até mesmo suas botinas!

Quase uma hora após eu chegar, constatamos que tem tanta gente furando logo na entrada que a fila continua imóvel. A maioria adere ao "jeitinho", mas algumas pessoas resignadas fazem questão de esperar. Será por uma questão de honra? Sem graça de furar? Ou será que esperar na fila torna o afogado mais gostoso? Talvez outros achem que não, pelo contrário, certamente muitos pensam que furar a fila da um sabor especial, além do que é muito mais rápido e necessita de menos paciência.
Continuo alí também firme e forte esperando minha hora chegar, me preparando para desgustar o pitoresco prato luizense.

Duas horas depois que eu cheguei na fila, chego ao recinto. Nos últimos metros termino com a garrafa, meio que às pressas, e tiro da sacolinha os dois potes que levei.
Há um palco, com uma dupla cantando música sertaneja com um teclado programado. Mas não importa, porque só o que importa agora é o fato de estar chegando lá...
Agora, os batuques nas vasilhas e potes é o que impera. Derrepente alguém desatento começa um batuquezinho e logo se vê vários potes sendo tamburilados.
Há muita gente no recinto, devorando suas vasilhas cheias de afogado, satisfeitas, até em êxtase! Antes de começar a ser servido, o padre benze o afogado. Mas nem todas as pessoas alí são católicas. A distribuição de comida gratuíta transcende a religião, sem perder a mística.
Finalmente adentro o saguão. Estico meu braço com a vasilha, onde uma senhora coloca duas cinchas de feijão com carne e batatas cozidas. Em seguida na próxima panela, um homem completa com arroz e farinha de mandióca. Depois, na segunda vasilha, macarrão e costela de boi derretendo, desprendendo do osso. Pra completar, uma sacola com doce de leite, paçoca, doce de abóbora.
Aposto que você ficou com água na boca, não?

PALAVRAS SOBRE UMA FESTA DO DIVINO

Moçambique no primeiro sábado da festa

Como se estivesse quase em outro plano, espiritual, dimensional? O moçambique se apresenta na praça, em frente a escadaria da igreja.
Como se tudo à volta fosse invisível, os percussionistas começam a esquentar seus instrumentos.
Ao redor há poucas pessoas. Dessas, várias tiram fotografias, agacham-se, quase deitam no chão afim de capitar um enquadramento mais anguloso, com a igreja ao fundo.
O violonista entra no rítmo com as notas sol e ré, compassadas com o toque do pandeiro, da pequena sanfona, do pequeno tambor e também do tambor maior. O som repetitivo vai entretendo meio como um mantra até. Os ouvidos mais atentos começam a identificar os instrumentos, timbres, rítmo, melodia. Olhos buscam os movimentos dos personagens do moçambique, todos vestidos de branco. E então os moçambiqueiros com fita cruzada sobre a camisa entram no som com sua dança percursiva, munidos de enormes guizos amarrados nos tornozelos e pernas, cada qual com seu pedaço pequeno de madeira na mão, lúdicas espadas que vão se colidindo e preenchendo o rítmo, a música - será que eles tem pilhas por dentro das pernas?

Na sua quase totalidade, senhores de idade, pessoas simples, humildes, compenetrados, e altivos na sua tradição e fé. Estão se apresentando para o Divino.
Uma senhora bem vestida, com toda pinta de turista me indaga:
- Você é daqui da cidade?
- Sim e não - respondo
Uma outra senhora pergunta mais adiante:
- O que é isso?
- É a congada - um sabichão prontamente responde, sem saber que é o moçambique.
É uma tarde fria e o vento balança as fitas vermelhas e brancas, amarradas da igreja para a praça, fazendo um efeito visual vivo e brilhante...






3 de mai. de 2008



EMPREGO...

ESTOU CANSADO
MINHA CABEÇA ESTÁ PRENSADA
PELA ROTINA
PELO TRABALHO
PELA DISTÂNCIA
A QUE O EMPREGO ME SUBMETE

EU NÃO DURMO
APESAR DE QUASE VEGETAR
TENTO ME REINTEGRAR

A NOITE NA CIDADE
TEM SIDO O BARULHO DOS CARROS
ES LUZES PEQUENINAS
DOS FARÓIS
DOS POSTES
E DAS JANELAS DOS APARTAMENTOS

VOU ME ARRASTAR À CAMA
EM UM QUASE LAMENTO
AMANHÃ
É MAIS TRABALHO

O DINHEIRO QUE GANHO
É SÓ O QUE VALHO

24 de abr. de 2008

Hemorragia Literária Parte I


bem lá onde o cano da arma ainda fumega
espasmos, colapso, sangria
uma consciência perambula agora
ratos desaparecem por entre os buracos

pássaros soturnos pousados nos cabos
ovnis rajados sem serem notados
música ruim escorrendo pelas beiradas
bêbados molhados deslizando pelos ralos

carros indiferentes aceleram jorrando áqua
crianças desnutridas cheiram cola pelas beiradas
portas abertas e escadas
perfumes obscuros, luzes avermelhadas

criaturas sinuosas se arrastam sinistras
sirenes ecoam sob viadutos desavisados
a lua regojiza seu brilho desbotado
um grito pausado e gargalhada sádica
trovoadas e mais água cuspida pelas calhas

um suspiro entalado
um leve tremor
os zóio virado...


Texto e ilustração por DanTucci

21 de abr. de 2008

Role


Fim de tarde na pedra do baú

Carnaval 2.008 sabado



Juca teles meio dia no certão das cotias ...

Não tem espaço nem para uma pulga..