14 de ago. de 2008

você aí
pisando na cabeça do mais fraco
até sangrar
quando a lâmina do inimigo
varar tuas tripas
e você engasgar e soluçar
não haverá mais tempo
nem passado nem futuro
claro ou escuro
beco ou muro
rico ou duro










por D.T.

Um novo salto

trovões longos e soberanos
o céu se acende segundos antes

como quando criança desejo o blecaute

um novo salto


cachorros se abrigam sob marquise estreita
homem mira buraco do canto esquerdo
na mesa de sinuca e quase acerta
o meio
frango assado em pedaços na vitrine do balcão
não há música aparente

chove toprrencialmente
porém não faz tanto frio como supunha
neste começo de agosto, a água cai
com a brisa que remete
ao litoral, aqui de cima da serra
as ruas silenciam
pessoas entocadas nas casas, butecos
carros atravessam com seus motores barulhentos

quantas gotas de chuva já te atingiram
quantas vezes se deixou enxarcar



por D.T.
mergulhar
em água bem gelada de cachoeira
há um pote de outo bem no fundo
também na caverna, você sabe
já esteve em todos esses lugares
defendeu a vida com um pedaço de pedra pontuda
caminhou centenas de quilometros
avistou cidades que desapareciam sob a névoa
atravessou o mar em barco a vela

aplicar uma dose maciça de cannabys na veia
e flutuar
em um céu azul, tão azul
como um iceberg




por D.T.

NOS GROTÕES DA IMENSIDÃO

Quase na total escuridão.
Não há postes de iluminação públicos, talvez duas ou três janelas acesas na rua e todo céu infinito. Apenas ouvem-se vozes sobrepondo-se nas casas, latidos de cães ao fundo. Aparentemente sem som de TVs, mas distante um barulho estridente e contínuo, uma massa sonora que meu bom-senso percebe que não se trata de uma carnificina e sim algum toca-discos em volume altíssimo, ao longe, violentando a natureza sonora ambiental.
Não há lua nesta noite, o céu é todo das estrelas . Elas e todas a s formas de luzes piscando e varando o breu. Aqui mais embaixo, de vagalumes.
Estou sentado neste banco de madeira na rua de terra, a algum tempo. horas, dias, meses, anos...
Gansos começam a grasnar na casa um pouco ao lado, violentamente.
Em seguida um número infinito de pintinhos começam a piar incessantemente e há também patos, galinhas , passarinhos e todos parecem querer participar desses evento sonoro, é uma sinfonia anárquica.
[Tem luzes de todos os tipos atravessando o céu]
Tudo se aquieta até que os cães novamente se põem a experimentar romper o silêncio.
[Sou só ouvidos]
Na casa em frente, atras de um portão de ferro um cão enorme late na minha direção. A parca luz da casa do outro lado da rua projeta uma gigantesca sombra do cachorro, definindo suas orelhas e formas de lobo/pastor.
Quase ou mesmo totalmente imerso no ambiente envio uma mensagem telepática para o cão, que se aquieta, atento aos sons da vizinhança.
[De dia haviam helicópteros, voando baixo]
[Começa a ficar frio, ergo a gola da jaqueta, mas não me incomoda]
Enquanto o astro rei dava sua graça estive até o fim da trilha, e certamente havia mais além.





Por D.T.