14 de set. de 2009


Creio na prática e na filosofia do que se convencionou chamar de magia, e no que devo chamar de invocação dos espíritos, embora sem saber o que são, no poder de criar ilusões mágicas, nas visões da verdade nas profundezas da mente quando os olhos estão fechados; e creio... que as fronteiras da nossa mente mudam-se constantemente, que muitas mentes podem fluir em outras, por assim dizer, e criar ou revelar uma mente única, uma única energia... que as memórias são partes de uma grande memória, a memória da própria natureza.

W. B. Yets
Ideas of Good and Evil

11 de set. de 2009

marcoriobranco do parahytinga


Alguns dizem que Marco Rio Branco é de Marte. Alguns diriam que Marco Rio Branco é um planeta. Já disseram que Marco é um rio, paralelo e intrinsecamente ligado ao parahytinga rio. Marco Rio Branco é do mundo.
O mundo é do Marco Rio Branco, via rádio, pé nas ruas, longas, afiadas e ricas conversas, inteligência e muita imaginação. Sim, cosmopolitamente univesal, e(!) claro, essência e cultura da Parahytinga cidade, flutuando entre letras, poesia, histórias, idéias e melodias, pela beira do Parahytinga rio, pelas infindáveis montanhas e rochas do Parahytinga vale, e finalmente pelas bandas do Oriente em Catuçaba...
Parahytinga brisa espalhada pelos Quatro Cantos do Universo... Brisa do Universo espalhada pelos Quatro Cantos da Parahytinga alma...
(Por D. Tucci)

"Anarquia Cultural!" reproduz aqui dois poemas de marcoriobranco, publicados em "micromarco", São Luiz do Paraitinga, 2008:
"qual'a idade" e "faca".
Bom deleite.


qual'a idade? (por marcoriobranco)

não sou católico
não sou apostólico
muito menos romano
sou mesmo católico
nada nada apostólico
mas por demais parahytingano
e é por isso mesmo
que sou obrigado a desagradar
luizenses gregos troianos
neste dia nesta madrugada nesta tal dona da noite
...
atente para o refrão
minha Senhora meu Senhor
nunca gostei
jamais me simpatizei com versos tão sobressaltados
tais como:
cidade imperial
imperial cidade
...
cidade imperial o escambau!
o que me interessa
e é somente isso o que me importa
é não precisar e nem querer
coro nenhum pra aludir
ao primo princípio de do lugar comum
esse tal negócio de que a Parahytinga cidade
em acordo com as escrituras públicas
mora e remora
leis e leis e leis que regem
leis e leis e culturas de livros afins e enfns
estampam e estufam o peito que o 08 de maio de 1769
sendo o noves-fora como uma data sã
...
qual que nada
é bobagem
pura bobagem!
tudo bobagem!
total embromagem!
...
a Bahia nasceu num dia
e no dia seguinte virou quinhentista
haja visto também para
Rio de Janeiro São Vicente Porto Seguro e Cabrália
e mais outros tantos e tantos seculares lugares
...
tudo bobagem!
tudo bobagem!
gosto porque gosto da simbologia numeral
mineral mental abstrato
somente isso - nada mais que isso
quantos anos você tem
quantos?
quantos?
é pouco!
muito pouco!
pouco mesmo
...
no seu eterno e brilhante livro
São Luis do Paraitinga (usos e costumes)
datado no ano da graça de 1949
Mario Aguiar, logo na primeira página, recomenda
"A 5 de Março de 1688 foram concedidas
nos sertões do Paraitinga, as primeiras sesmarias
requeridas ao capitão-mor de Taubaté
Felipe carneiro de Alcaçouva e Sousa
pelo capitão Mateus Vieira da Cunha e João Sobrinho de Morais,
que alegaram pretender povoar aquela região".
lá pelas tantas e tintas páginas
Mario Aguiar relembra
e invoca mais poesia em nossa dobrada musicalidade
"Sam Luis e Santo Antonio da Parahitinga"
(não é mesmo um maravilha esse nome escrivinhado assim:
Sam Luis e Santo Antonio da Parahitinga?)
...
assim está escrito nos ditos anais do município
se assim está escrito
muito mais que escrito
inscrito para sempre assim está
não sou eu que está falando
tá muito bem delineado no fabuloso
e magistral livro de capa preta do
CONDEPHAAT - 2a. Edição - 1977 - página 21:
"A Capela das Mercês foi documentada numa história manuscrita,
de autor desconhecido, que existe no museu de SLParaitinga:
Relato da Historia de SLParaitinga de 1686 a 1913
...
no entanto seja,os rápidos no pensamento
bem passado ao ponto do sol do meio dia
os primeiros gentios
( como gostavam de apregoar os portugueses)
desse dito mundo moderno
deram o ar da sua graça por esse Vale do Parahytinga
por volta do ano da graça de 1688
(vou quebrar o galho e não vou tocar no assunto de 1686)
tudo isso sem contar os índios que por aqui
já deitavam e rolavam com suas caças pescas rituais festivos
...
portanto
façamos as devidas contas
cadê aquela bela matemática que qualquer criança
sabe de cor e salteada ao roubar uma laranja
ou um pedaço de um saboroso doce de leite
no estupendo e magnífico Mercado Municipal aos sábados
na sua bela e distinta sabedoria infântica?
...
estamos concordados, então?
de minha modesta parte despeço-me por aqui
a esquina do meu mundo fundo mundo
ainda se chama Vorta da Cachoeira
Quatro Cantos ou Mercado Municipal
mas pode me chamar também como Parahytingano


A faca (por marcoriobranco)

a verdadeira faca diz que seduz porque nasceu assim
e que não pode fazer nada contra sua natureza
que é seduzir e cortar
seduzir quem a v contra o infinito
de sua estonteante beleza
...
a verdadeira faca diz que adora seduzir cortar e sangrar
e como gosta de sangrar
sangrar até não poder mais
até não poder mais
...
a verdadeira faca sempre vive dizendo por aí
que adora fazer o que gosta
seduzir cortar e sangrar
...
sim
essa é a velha e verdadeira faca
que gosta de seduzir
porque nasceu assim
...

8 de set. de 2009

FOLCLORE MUSICAL


INFLUÊNCIA DA MÚSICA AMERÍNDIA NA MÚSICA BRASILEIRA

No Brasil, a natureza, em audaciosa cenografia, dispôs quadros empolgantes - e o homem, animador máximo dêsses panoramas, não podia deixar de ser Artista.
Seus ouvidos procuravam entender as vozes da mata. Os pássaros foram seus primeiros mestres,. O rítmo nasceu do mar, do regato, do vento, da natureza enfim.
O silêncio, - ao cair da noite, era uma pausa musical. E o índio fez música. Com os elementos que dispunha: troncos, ossos, peles, - confeccionou instrumentos rudimentares com os quais celebrava as vitórias da guerra, o êxito das caçadas, o sucesso das expedições de todos so dias, lamentava as derrotas e assinalava as emigrações.
O som agudo do boré, trombeta de bambu ou taquara, ou o som rústico da inúbia, trombeta de guerra, feita geralmente de fêmur do inimigo vencido, excitava as tribos para as pelejas, proclamava as vitórias e marcava o início dos festins.
Os índios foram ótimos flautistas, e é evidente que davam preferência para os instrumentos de sopro.
Êles expressavam com a cadência monótona e uníssona, o mêdo das coisas, o pavor da cólera dos deuses e dos duendes das suas superstições e crendices. Dessas músicas enfadonhas, onde é comum s repetição dos mesmos tons e das mesmas frases, só nos chegaram farrapos, apanhados aqui e alí nas tribos que as guardaram como relíquias dos seus antepassados.
Elas traduzem ainda assim, o calor da terra exuberante, o ardor da raça e a ingenuidade do meio onde surgiram.
Música inédita, surpreendente, rica de emoção, porém rude e agreste, nela a natureza se sobrepunha à imaginação dos filhos da selva.
Na referência de Cardim, os ìndios antropófagos poupavam a vida do prisioneiro se "era bom cantor e inventor de trovas". Eram assim apreciadores intransigentes da arte.
A influência indígena sobre a nossa atual música popular é a de um tesouro inexgotável e ainda pouco explorado.
É a voz da terra eterna no coração dos seus filhos.

(Mariza Lira - Brasil Sonoro)